quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Meta de Ano Novo

    O réveillon é um momento de expectativas, muitos planos e promessas. Afinal, nada como o fim de um ciclo solar para fazer com que as pessoas criem metas. E já que é para falar sobre metas, vamos falar sobre uma palavra que deveria ser a principal meta para este ano: Empatia.
     Durante a manhã do dia primeiro vi nas redes sociais MAIS DE TRÊS pessoas compartilhando sua indignação por não encontrar mercados abertos onde pudessem comprar carne e cerveja para suas comemorações familiares. Uma dessas pessoas dizia que considerava um absurdo essa situação diante dos grandes índices de desemprego do país. Aparentemente esta pessoa não sabe a diferença entre emprego e escravidão e acredita que os funcionários devem estar disponíveis para atendê-lo(a) sete dias por semana, sem direito a folgas ou feriados. Mas, o que se esperar de uma população que jogam lixo no chão para "ajudar" os garis a manterem seus empregos?
     Uma das perguntas que passaram pela minha cabeça diante dessa situação foi: por que essas pessoas tão preocupadas com o desemprego do país não estavam trabalhando ao invés de estarem se preparando para fazer churrascos? Realmente, cobrar dos outros algo que não se faz é a cara do nosso povo. Como cobrar educação enquanto xinga a pessoa, cobrar honestidade dos governantes enquanto consome produtos no supermercado sem pagar por eles, criticar a conduta de artistas ao invés de vigiar o que fazem os próprios filhos.
     Temos um caso grave de crise de identidade, na qual grande parte da população não consegue se dar conta de seu real contexto social. Pessoas que não possuem condições financeiras para arcar com o custo de serviços particulares exigem a privatização de serviços públicos. Pessoas que alcançaram melhores condições de vida em decorrência de incentivos de programas sociais criticam os mesmos programas. Pessoas que nunca pisaram em uma faculdade e não conseguem notar a importância desse espaço para o desenvolvimento da ciência e de seres humanos agora querem criticar os métodos da academia.
     Estamos diante de uma população que nem sequer é capaz de se sensibilizar com o desespero passado por donos de animais e pais de crianças autistas durante as queimas de fogos, chamando essas pessoas de "chatos". Diante disso devo dizer que, se você não é capaz de se sentir comovido pela imagem de uma criança em uma crise de convulsão ou pelo sofrimento de um animal em meio a uma queima de fogos de 15 minutos, VOCÊ tem sérios problemas. Diga-se de passagem, já ví cães de vizinhos se jogarem de lajes e morrerem enforcados com as próprias coleiras durante uma extensa queimas de fogos, não é o tipo de coisa que eu queira presenciar novamente.
     Precisamos de uma população capaz de se colocar no lugar do outro, de entender que seus problemas e os problemas dos outros são diferentes e que devem ser tratados como tal. Precisamos de uma população que compreenda a importância de dar ouvidos as necessidades das minorias e de respeitar as experiências de cada um. Precisamos de uma reflexão mais profunda sobre o que significa ajuda, o que significa respeitar direitos e o que é apenas babaquice. Em 2019 a meta mais importante é que sejamos capazes de nos tornamos um povo mais compreensivo, capaz de olhar além de nosso próprio umbigo, mas essa é apenas a minha humilde opinião.

Ass;

Bruno Santos

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