segunda-feira, 24 de abril de 2017

Identidade Digital

     Estamos no mundo real, temos relações reais e realizamos atividades reais, mas também estamos no mundo virtual, onde podemos ser um reflexo do que somos no mundo real, ou podemos ser o oposto, ou podemos ser ambos e ainda muito mais.

     Existem pessoas que transmitem uma certa imagem através de suas redes sociais, mas que não atendem as expectativas ao vivo, seja por causa das fotos cheias de filtros, pelas frases de efeito copiadas do Google, ou pelo "estilo de vida" que dizem seguir. Assim como as que surpreendem positivamente mostrando ser muito mais do que aparentam.

     A internet te permite escolher quem quer ser, o que causa estranhamento quando percebemos que algumas pessoas têm escolha, mas continuam sendo toscas. Machistas, racistas, nazistas e preconceituosos em geral podem destilar sua escrotidão sem temer represálias, protegidos no conforto de suas casas, no fundo de um ônibus ou sentados na privada de algum shopping.

     Essa pessoa pode ser você, seu primo ou aquele cara legal que só posta Memes com gatinhos fofos, mas que tem outros cinco perfis, um no qual é rico, um no qual é gay, um no qual é uma garota e aquele que precisa ser deletado cada vez que sofre uma denúncia, seja pelo que for.

     As pessoas vivem vidas duplas, mesmo não chegando ao exagerado exemplo acima, ter um perfil para a família e outro para os amigos já mostra que você não é sincero. E mesmo tendo um só perfil, existem páginas que você deixa de curtir e postagens que deixa de compartilhar com medo do que os outros pensarão.

     Não se pode conhecer totalmente uma pessoa, mesmo passando toda uma vida ao seu lado, então, como achar que um simples vislumbre sobre o que ela escolhe mostrar na internet te fará conhecê-la? Somos mais do que os olhos podem ver, para o bem ou para o mal e nenhuma rede social pode nos representar na totalidade.

     Tendo dito isso, gostaria de alertá-los sobre os riscos da superexposição. Riscos psicológicos, espirituais e muitas vezes riscos materiais. A cerca de 6 anos eu notei que eu tinha um problema: a primeira e a última coisa que eu fazia no dia era postar no facebook. Algo que agora as "lembranças" fazem questão de me mostrar e que me trazem tristeza (mas não tanta quanto meus erros gramaticais na época).

     Eu postava "Bom dia!"com longas mensagens, "Boas noite!" com reflexões profundas, descrevia minhas refeições (não era comum postar fotos nessa época), eu usava trechos das músicas que escutava para descrever o que estava sentindo ao longo do dia, eu ficava com os olhos vidrados na tela por horas, mesmo que não houvesse nada novo na minha timeline, eu me sentia frustrado quando me esforçava para pensar em uma postagem criativa e ninguém curtia, eu sentia o celular vibrar no meu bolso e via a luz se acender, mesmo sem nada disso acontecer, e foi então que eu notei que estava envolvido demais.

     Tive que me esforçar para lembrar que aquele aplicativo de celular era destinado ao uso nas horas vagas, esporádico, que ele não era um diário e que se eu passasse alguns dias sem postar, provavelmente ninguém notaria e isso não diminuiria meu valor como pessoa nem o carinho que meus amigos e familiares têm por mim. Notei que postar meus horários de ida, volta do trabalho, e meu dia de pagamento poderiam me tornar um alvo de sequestro. E que o tempo que eu gastava vendo memes repetidos poderiam ser revertidos para horas de leitura da palavra de Deus.

     Após essa metanóia, foi muito natural para mim levar essa forma de pensar para o meu namoro. Postar no mural do outro é lindo, mostra que você pensou nele e alegra as pessoas que torcem pela felicidade de vocês, mas isso até um certo ponto e com o respeito e prudência devidos. As brigas de vocês devem ficar entre vocês, as conquistas de vocês devem ficar entre vocês e por favor, deixem entre vocês seus apelidos e fotos íntimas. Passem mais tempo conversando e menos tempo se marcando, para que após o casamento, vocês não precisem se dar conta que caráter não tem photoshop.

     A internet foi uma ferramenta - originalmente - desenvolvida para uso militar, como o microondas ou o para-quedas, ela não é ruim, ela é o que se faz com ela. Seu principal objetivo é compartilhar informações, com rapidez e precisão, nos ajudar a saber o que acontece ao redor do mundo, mas isso não precisa incluir o interior da sua casa, e essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

terça-feira, 18 de abril de 2017

Geração Comunicação

  Choques de geração não são uma novidade. Sempre tem algo mudando, dificultando o convívio e criando um tipo de abismo entre pais e filhos.

   Uma reclamação frequente por parte dos filhos gira em torno da dificuldade de dialogar com seus pais. Isso, provavelmente, se dá ao fato destes terem sido educados em um regime no qual não tinham direito a fala. Não podiam argumentar contra os castigos impostos, não podiam dar opiniões nas conversas dos adultos e nem se posicionar sobre assuntos mais complexos.

    Esses pais viveram em um tempo sem computadores ou celulares, o que os obrigava a se comunicar verbalmente com todos ao seu redor, mas falar sobre problemas acaba se apresentando um tabu.

   Discutir o relacionamento de forma aberta também é uma prática muito atual. Antigamente se casava (as vezes com um desconhecido) tendo em mente que era para sempre e as pessoas iam se suportando enquanto desse. Diálogos mais densos, com a exposição dos defeitos alheios, frequentemente levavam ao divórcio, mesmo que temporário.

    Hoje temos uma geração que aprendeu a falar sobre seus sentimentos, sobre coisas e situações que não eram debatidas, mas sempre existiram. Uma geração que tem espaço, voz e vez. Que reconhece seus direitos e luta por eles.

    Isso pode até fazer a nossa geração parecer fraca aos olhos dos mais velhos, por reclamar daquilo que eles passaram calados. Mas, por quê alguém precisa estar errado para que o outro esteja certo? Somos seres humanos, todo o contexto histórico influencia na forma como nos comportamos e isso deve ser levado em conta.

    Antes, ser chamado de gordo ou rolha de poço era apenas uma zuação entre amigos. Hoje, é bullyng. Antes, ser chamado de tizil ou macaco era apelido, hoje é racismo, sim! Antes, a inferiorização da mulher e até mesmo as diversas formas de violência contra a mesma era algo a ser resolvido dentro de casa. Quem nunca ouviu a máxima: "Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher"? Hoje, o movimento feminista vem ganhando força e as leis de proteção à mulher sendo cumpridas.

   Muitas das vezes seus pais não conversam com você não porque não querem, mas porque não sabem como fazer isso e até mesmo nem entendem o que você está falando. Não posso exigir que minha mãe tenha um posicionamento sobre apropriação cultural ou racismo reverso, nem que ela converse abertamente comigo sobre sexo se os pais dela não fizeram isso com ela.

     Tenhamos paciência com nossos pais, avós e tios. Com qualquer pessoa mais velha que sabemos fazer parte de uma geração bem diferente da nossa. Como diria Renato Russo, eles "são crianças como você ", também estão aprendendo e aprenderão até o último dia de suas vidas, se você estiver por perto para ensinar, mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

Colaboração de: Caroline Macedo