quinta-feira, 28 de julho de 2016

Embriagados de "amor".

    Algumas semanas atrás eu e minha namorada pegamos um ônibus por volta das 6:40h de um sábado. Conversávamos distraídos quando um casal se levantou atrás de nós, dando a impressão de que saltaria no próximo ponto.
    Até então, nada de estranho, entretanto o casal não desceu naquele ponto, não desceu no próximo e nem no seguinte. Foi aí que se tornou impossível ignorá-los, principalmente levando em conta que a garota quase caiu em meu colo algumas vezes.
    Reparando bem, percebi que a menina estava alcoolizada e por isso se balançava a cada aceleração do coletivo. Ela estava sendo levada para casa pelo rapaz que parecia estar achando graça do fato dela não ter muita certeza de onde morava, mas também parecia estar um pouco preocupado já que, ele mesmo, parecia não saber onde estava.
    Vamos supor que este casal se conheceu na noite de sexta ou na madrugada de sábado, os dois estavam bêbados ao final do evento e ele se ofereceu para levá-la em casa. Teoria perfeitamente viável. Na verdade, parecia bem provável diante do comportamento de ambos e do nível de intimidade que eles demonstravam NÃO ter.
    Diante disso, me peguei pensando em quantos casais não adentram em relacionamentos estando embriagados por suas ilusões e carências. Muitas vezes procurando ser guiados por pessoas que também não sabem aonde estão se metendo. Apenas cegos guiando cegos.
    Muitas vezes só é necessário um corpo bonito, um bom papo, uma gentileza, e de repente já foram criados mil castelos imaginários. Mil projeções sobre como a pessoa é perfeita e te fará feliz. Se sonha com uma vida inteira  ao lado de pessoas com quem talvez nem se possa contar no dia seguinte.
    Muitos namoros, inclusive, se iniciam enquanto as partes ainda se encontram mergulhadas neste torpor. Veem o outro não como é, mas da forma como o imaginam e caso sejam capazes de enxergar os defeitos do outro, se consideram "os escolhidos" para gerar a mudança necessária apenas com sua presença, assim como nos filmes.
    O problema é que NA VIDA REAL não existem príncipes ou princesas encantados. Ninguém é normal quando visto de perto e um relacionamento só pode dar certo se as pessoas obtiverem um conhecimento verdadeiro sobre si mesmos e sobre seus pares. Daí então, é necessário refletir conscientemente sobre as diferenças e semelhanças do casal para ponderar sobre a viabilidade da união.
    Uma menina pode ser capaz de amar seu namorado apesar de seus atributos físicos questionáveis, mas será que ela suportaria ouvir o ronco estrondoso dele pelo resto da vida? Um menino pode tolerar a falta de interesse de sua namorada pelas músicas e filmes de que ele gosta, mas conseguiria manter um relacionamento se ela não suportar a família dele?
    Mais ou menos importantes, existem muitos fatores a serem ponderados quando se está conhecendo uma pessoa com quem se deseja viver um namoro. As vezes leva mais tempo para se descobrir aqueles defeitos escondidos por trás da bela maquiagem que é um sorriso. E esse é o motivo pelo qual muitos casamentos terminam em meses depois de anos de namoro, é que os namorados se dedicaram muito a conhecer seus corpos, mas pouco a conhecer suas almas e seu caráter. A parte mais importante, que não se deteriora com o tempo.
    Que possamos deixar Deus agir sobre nossa afetividade, para que sejamos capazes de enxergar além das aparências e das oportunidades. E acima de tudo, saibamos esperar o melhor que Ele tem para nós, sem nos contentarmos com os "brindes" do mundo. Pois, como está escrito no versículo 9 do segundo capítulo da Primeira carta de São Paulo aos Coríntios, "Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam", mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

Fonte:

Livro: Mitos Sobre o Matrimônio: o "Príncipe Encantado" - Robson Oliveira
http://ecclesiae.com.br/mitos-sobre-o-matrimonio-o-principe-encantado

sábado, 16 de julho de 2016

Mãe é Mãe.

   A família é a primeira porção da sociedade da qual tomamos conhecimento. É com ela que descobrimos as noções de hierarquia, o valor de uma alimentação saudável, da higiene, que existem leis e que seu não cumprimento gera punições e etc.
    Com todos os seus defeitos, qualidades e esquisitices, os pais ainda são a referência de vida dos filhos. Seja do que fazer ou do que NÃO fazer. Entretanto, tenho percebido uma tentativa de desvalorização do papel dos pais. Eles têm sido mostrados como desnecessários e até mesmo como empecilhos.
    Veja os heróis, aqueles que as crianças enxergam como exemplos: Spider-man, Batman, Harry Potter, todos os Cavaleiros do Zodíaco, o Naruto e o Goku são apenas alguns exemplos de órfãos que parecem ter se dado muito bem sem uma supervisão materna/ paterna. Os valores que eles conhecem foram adquiridos por osmose, com os amigos ou com pessoas que eles escolheram admirar.
     É quase como se uma ideia estivesse sendo vendida: os pais te limitam, eles te protegem demais, escute seus amigos, só eles acreditam e confiam em você de verdade. Entretanto, em meio a toda essa mentalidade mundana, um exemplo maior nos foi dado. Alguém que para legitimar o verdadeiro valor da família e provar sua beleza, escolheu crescer em uma mesmo sem precisar. Jesus de Nazaré.
     Ele poderia ter vindo dos céus cheio de glória e majestade, falado aos homens com autoridade divina, mas escolheu nascer pequeno e indefeso. Ser cuidado, alimentado, ensinado a falar e andar. Receber lições sobre hierarquia, leis, higiene, o valor da alimentação saudável e acredite, isso fez toda a diferença.
     Por isso, se tem algo que eu não compreendo é como a terra que Jesus pisou é considerada terra santa, as palavras que ele disse são consideradas santas, mas existe tanta resistência em assumir que o ventre que o trouxe ao mundo também é santo. Que a família que o acolheu é sagrada. Os discípulos de Jesus não foram escolhidos por acaso, por quê a mãe dele seria? Realmente acham que ele ficou sentado do alto dos céus com o dedo apontado pra Terra e dizendo "Uni-duni-tê"?
     Jesus disse "Eu saí de Deus. É dele que eu provenho, porque não vim de mim mesmo, mas foi ele quem me enviou" (João 8,42), e se Jesus provém do Pai, como poderia não cumprir os mandamentos do Pai? Como poderia deixar de honrar pai e mãe? Escutar sua intercessão é uma forma de honraria. E a intercessão de certa mãe durante um certo casamento foi capaz de apressar o Tempo de Deus, nunca mudar sua vontade, mas levá-lo a adiantar seus planos.
     Hã quem diga: essas pessoas estão mortas, elas não podem pedir mais nada a Deus. Estes provavelmente esqueceram das palavras do Senhor, pois "Em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a minha palavra, não verá jamais a morte" (João 8,51). E, se houve no novo testamento alguém que soube ser obediente a Deus, esses foram Maria e José.
     Maria viu a possibilidade de ser apedrejada como adúltera por aparecer grávida sem ter coabitado com José, mas confiou na providência divina, aceitou sua missão e ficou repleta do Espírito Santo. José, abriu mão de seus planos e sonhos para manter o salvador seguro, estava alerta a voz do mensageiro do Senhor para deixar o que quer que conquistasse e seguir em frente sem olhar para trás. Como alguém pode ousar dizer que estas são pessoas comuns? Quem se lançaria nos projetos de Deus sem pensar duas vezes?
     Cresci em uma família protestante e por isso tive muita resistência a imagem de Maria durante muitos anos, mas aos poucos, estou dando a ela mais espaço na minha vida. Se um dia Eric Clapton se oferecesse para me dar uma aula de guitarra eu não negaria. Se o Frank Miller quisesse me dar uma aula de desenho, eu daria uns pulos de alegria. Então, acho que seria uma grande burrice da minha parte escolher permanecer órfão quando A Mãe de Deus está se oferecendo para me adotar.
     Uma consideração final para fins de conhecimento: Eu sou o Bruno Santos, mas também sou o Bruno irmão de Nayana, o Bruno filho da Lenira, o Bruno da Carol, Bruno do ministério de Música, Bruno de Niterói, etc. Se até EU posso ter um monte de títulos sendo a mesma pessoa, qual a dificuldade para entender que Maria é uma só? Maria de Nazaré, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora de Guadalupe e etc, nada mais são que títulos diferentes dados para a mesma pessoa.
     Uma pessoa que amou a Deus e exultou seu nome através da própria vida:

"E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor,
meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,
porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações,
porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo.
Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.
Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos.
Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.
Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos.
Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,
conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre." (São Lucas 1,46-55)

Ass: Bruno Santos

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terça-feira, 5 de julho de 2016

Domingo de Manhã (Por: Caroline Macedo)


   Domingo. 7h30 da manhã. Rua deserta. Eu e meu namorado saímos juntos para uma atividade que faz parte da nossa rotina semanal. Disse rotina, o que não torna a atividade menos importante. Íamos participar da Santa Missa. 

  Ao fechar o portão percebi que minha sobrinha, que nos olhava da porta da sala, fazia repetidamente um sinal de “não” com o dedo indicador. Achei que fosse pelo fato de estarmos indo sair sem ela, depois do que aconteceu pensei que certamente era um aviso de Deus, o sinal de um livramento. 

  Depois de trancarmos o portão e darmos algumas poucas passadas pela calçada, ouvimos o barulho de uma moto se aproximando, o que rompeu o silêncio da rua e abafou o som da nossa conversa. Nela haviam dois sujeitos. Um deles começou a gritar “Passa o iPhone, passa o iPhone!!” 

   Olhei para o meu namorado e numa atitude quase involuntária comecei a tirar a bolsa do meu ombro, pensando que junto com ela não ia um iPhone, mas meu humilde MotoG2, comprado com o meu primeiro salário. Faltava pouco para eu entregar a bolsa, quando senti uma mão na minha cintura, o que me fez avançar algumas passadas. Sim, meu namorado fez isso! “Reagiu” a uma tentativa de assalto. Uma tentativa de assalto realizada por dois marmanjos desarmados, as 7h30 da manhã de um domingo, praticamente na porta da minha casa. 

  Eu nunca havia passado por uma situação capaz de me deixar em estado de pânico como esta me deixou. Se já passei, não me recordo. O fato é que mais do que em pânico, esta situação me deixou revoltada, magoada, por quase ter sido assaltada as 7h30 da manhã de um domingo, praticamente na porta da minha casa !! 

   Eu saio de casa durante a semana todo dia bem cedo para trabalhar, do trabalho vou para a Faculdade e sou liberada quase as 22h da noite. Pego  um ônibus, vou pro Terminal Rodoviário, pego outro ônibus e aí sim chego em casa. Eu imaginava que isso pudesse acontecer comigo no Centro de Niterói, no Campus da UFF ou em qualquer outro lugar. Mas jamais, jamais, quase na porta da minha casa às 7h30 da manhã de um domingo. 

   Sei que pode estar soando terrivelmente chato essa repetição de informações, mas repito para enfatizar a gravidade do fato.  

   Sou grata a Deus por naquela manhã Ele ter preservado a minha vida e a vida do meu namorado. Por Ele ter também preservado os bens materiais que conquistamos com o suor do nosso trabalho (o que não é tão importante, claro). Mas sinto muito, muito, por naquela manhã aqueles dois rapazes terem levado consigo o resquício de segurança que ainda havia em mim.

  A segurança que já senti quando ia para a Igreja, ou quando saia dela, as 23h, 00h, 6h, após uma Missa de preceito ou uma Vigília com a certeza de que chegaria bem em casa, mesmo que eu fosse sozinha. A segurança de andar pelas ruas do meu bairro, rodeada de vizinhos e gente conhecida, sem desconfianças ou receios. 

  Infelizmente não existe nada que possa nos deixar imunes a onda de violência que vem assolando a nossa Cidade. Não importa se você mora num bairro há duas semanas ou 30 anos. Não importa se você é homem ou mulher, velho ou criança, esteja sozinho ou acompanhado. Não importa se você tem um iPhone, um Motorola, Samsung ou CCE. Não importa se é manhã, tarde ou noite. Se você vai pra Missa ou pra balada. 

  Todos nós somos vítimas em potencial. Vítimas de uma sociedade que vem nos ensinando a temer sair de casa, pois não sabemos como iremos retornar. Não sabemos SE iremos retornar.

Ass: Caroline Macedo

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sábado, 2 de julho de 2016

Tem Gente Morrendo

                             "Tem gente morrendo
De angústia e de medo
Tem gente morrendo
De falta de amor
Tem gente morrendo
De dor e ódio
Tem gente morrendo"

     A vida humana está sendo banalizada. Nossa dignidade se perdeu em meio a tantos rótulos e denominações. Nos tornamos estatísticas, números e pontos de audiência.

     Essa banalização precisa cessar. Precisamos olhar para nós mesmos com dignidade e respeito, compreendendo que a busca pela preservação da vida de nossos semelhantes deve independer de diferenças políticas, religiosas, éticas ou étnicas.

     No dia 11 de Junho, 49 pessoas foram mortas em uma boate em Orlando, o fato dessa boate ser destinada ao público LGBT não passa de um mero detalhe. Antes de serem homossexuais ou qualquer outra denominação que possam receber suas práticas sexuais, eles são seres humanos, filhos e filhas de alguém. E essas mortes são perdas imensuráveis.

     Se nos escandalizamos com a morte de onças, gorilas e jacarés (que também aconteceram por motivos estúpidos e desnecessários), por quê o assassinato de bebês ainda no ventre é tratado com naturalidade tantas vezes? Policiais executados, crianças mortas na porta de suas casas, pessoas alvejadas durante tentativas de assalto ou ceifadas pela espera nas filas dos hospitais tem em suas almas o mesmo valor.

    Aliás, "Amarás teu próximo como a ti mesmo" (Mateus: 22,39) conta para todo mundo, não apenas para quem você gosta. Isso significa que os ladrões, assassinos, estupradores e pedófilos também merecem seu amor. Entenda, amor verdadeiro, amor que pune e ensina, mas que também perdoa.

     Que não façamos distinção de pessoas, possamos valorizar cada vida e lutar para que nenhuma se perca “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça (João 3,16)", mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

Fontes:

Poema: Tem gente morrendo Ana

http://www.diariodecanoas.com.br/_conteudo/2016/06/noticias/mundo/347545-saiba-como-aconteceu-o-massacre-na-boate-pulse-em-orlando.html

http://www.jornaldecaruaru.com.br/2016/06/artigo-o-gorila-o-crocodilo-e-a-onca-por-severino-melo/

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