sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O Tempo que (não) Sobra

     Os dias estão passando mais rapidamente. Você já percebeu? Você se despede da família e dos amigos em uma noite de Ano Novo e quando se da conta já está fazendo planos para o Carnaval. Mal se recuperou das noites não dormidas do Carnaval e já está tendo que juntar dinheiro para os ovos de Páscoa. Acaba de sair do regime pós páscoa e lá vem de novo o Natal com suas comidas deliciosas. E novamente, lá se vai mais um ano.
     Algumas pessoas dizem que o movimento das placas tectônicas alterou o eixo de rotação terrestre, outras que asteróides que tem caído estão dando impulso fazendo com que a Terra gire mais rápido. Quer saber a minha teoria? Não estamos vivendo os fins de semana. Vamos voltar ao exemplo do primeiro parágrafo. Estamos no primeiro dia do ano novo, você acabou de pegar um calendário, qual a primeira coisa que você vai olhar??? Se você não for um narcisista ansioso para saber em que dia cairá seu aniversário a resposta será OS FERIADOS. Sim, isso porque nós temos vivido em função dos feriados, claro que os brasileiros mais que qualquer outro povo, mas essa é uma constatação global.
     Dia de finados, "vamos fazer churrasco!", Independência do Brasil, "vamos para a praia!", acho que é só de sacanagem que nesses dias sempre chove. Mas, com sol ou não, esses dias tem recebido uma importância exagerada na nossa cultura. Era para que fosse apenas mais um dia livre na semana. Nós já não temos dois? Resposta: Não! Não temos mais, nós vendemos nosso sábado. Apesar de algumas pessoas não terem opção (afinal, como nós  teriamos eletricidade, internet, TV a cabo e etcetera durante os fins de semana se ninguém estivesse trabalhando?), existem muitas que tem e escolhem trabalhar no sábado e existem ainda as que aproveitam esse dia para realizar atividades como fazer as compras da semana, fazer o cabelo, as unhas, frequentar aquele curso de línguas ou fazer aquela faxina.
     E ainda transformamos o domingo (etimologicamente dominus = Dia do Senhor) em um "meio dia para o Senhor e o resto pra a casa, para adiantar os trabalhos da escola e etc" e esse "etc" engloba muita coisa. Deixo claro desde já que não escrevi esse texto para criticar as pessoas que realizam uma atividade qualquer durante o fim de semana, o que eu quero é que essas pessoas entendam que elas já correm para resolverem seus problemas durante cinco dias da semana e que não vão morrer caso reservem para sí alguma paz em ao menos um dos outros dois dias.
     No que diz respeito a não trabalhar no sábado, os judeus possuem minha admiração, eles realmente levam essa história a sério para eles "o sábado serve para recordar que a necessidade de ganhar a vida não deve nos tornar cegos ante a necessidade de viver" o que é uma filosofia que os cristãos poderiam muito bem aplicar aos domingos. Fazem alguns meses que eu venho observando meu próprio comportamento em relação ao sábado. Um dia que eu já começo a esperar no domingo a noite, mas para o qual eu não dou valor quando vivo. Acho que posso me comparar com um professor que após meses esperando pela estréia de um filme no cinema acaba passando a sessão inteira dando bronca nos jovens sentados no fundo e ao final da exibição nada viu senão o trailer.
     No meu caso o trailer do sábado consiste em não precisar acordar cedo. Algo que para algumas pessoas já é o ponto alto dos fins de semana, mas que para mim não é tão atrativo já que considero o ato de dormir uma grande perda de tempo e que se eu fosse capaz de ter qualidade de vida e saúde sem dormir nunca (o que eu não tenho) eu passaria o resto da minha vida em claro. Mas, mais do que acordar tarde, acho que o que realmente faz bem é o fato de ter opção: se é segunda-feira de manhã e está chovendo eu sei que o trânsito estará mais parado do que uma corrida de caramujo, então sou obrigado a sair da cama rápido e me arrumar o quanto antes, pos tenho o COMPROMISSO de estar no trabalho no horário. Se é sábado de manhã e eu não tenho compromisso nenhum, mas eu ESCOLHO sair da cama para poder aproveitar mais horas do dia, eu vou fazer aquilo com muito mais disposição, mesmo que tenha levantado no mesmo horário que na segunda.
     Jesus não criticou o habito dos judeus de guardar o sábado, o que ele criticou foi que a tradição de guardar o sábado como dia do Senhor se sobrepusesse ao ato de ver ao Senhor no outro. Que a hipocrisia impedisse um homem paraplégico de carregar sua cama quando Deus havia permitido que ele o fizesse e que o ato de fazer algo no sábado imprecionasse mais que um paraplégico andando. Não estou sugerindo que você largue seu emprego que te faz trabalhar no fim de semana ou que não pegue elevadores nesses dias porque apertar os botões é considerado um trabalho. O que eu estou sugerindo é que você viva esses dias com intensidade.
     Você tem uma família com quem passa pouco tempo durante a semana, filhos que ficam em creches, você tem livros que comprou e não leu ainda, você tem filmes que não vê a muito tempo, uma bicicleta enferrujando no quintal ou naquele quartinho da bagunça, você tem um violão que não tira da capa a anos? Deixe de ter! Que tal usar esse dia de descanso para reunir os amigos? Desde que você não passe o tempo todo na cozinha enquanto eles conversam na sala, óbvio, uma opção é por todos para cozinharem ou pedir pronto, mais uma vez, o povo que trabalha no fim de semana nos salvando. O fato é que nós temos cinco dias para trabalhar e dois para o descanso, já estamos em desvantagem, não precisamos nos sabotar ainda mais.
     Um adeno para finalizar, o trabalho para o Senhor é lindo, é ótimo que se tenha um ministério, uma missão ou pastoral para servir e se o sábado e o domingo são os únicos dias em que você pode se doar, se doe, mas encontre nessas 48 horas, ao menos duas para você e não esqueça "Ele abençoou o sétimo dia e o consagrou, porque nesse dia repousara de toda a obra da Criação"(Gênesis 2.3). Mas, essa foi apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos.

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Fontes:

http://tryte.com.br/colecaojudaismo/livro1/l1cap26.php

http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2013/01/21/por-que-a-igreja-guarda-o-domingo-e-nao-o-sabado/