Em 29 de agosto será o Dia Nacional de Combate ao Fumo, sendo adepto desta causa, trago algumas informações sobre esse personagem tão controverso da nossa sociedade. O cigarro é um instrumento de suicídio lento e doloroso, se você fizer uma pesquisa verá que a cerveja em quantidades controladas tem benefícios para a saúde, o vinho idem, até a maconha que é uma droga viciante que degrada o celebro e altera o comportamento dos usuários pode ser usado para fins medicinais em alguns casos, mas o cigarro não, é só um veneno que faz com que as pessoas fiquem fedidas por fora e podres por dentro. Ele é uma das principais causas evitáveis de mortes prematuras em todo o mundo. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, 4 milhões de pessoas morrem por ano devido a doenças causadas diretamente pelos derivados do tabaco, até 2025 dez milhões de mortes serão causadas ao ano por ele.
O tabaco se tornou conhecido do resto do mundo quando os navegadores europeus, chegando no continente americano, encontraram os nativos imersos em rituais nos quais se intorpeciam inalando a fumaça da planta que foi considerada medicinal, sendo levada para o continente europeu predominou na forma de tabaco fumado dando inicio a industrialização do cachimbo. Na Inglaterra e França o hábito de fumar foi tão amplamente difundido, que logo vagões de fumar foram introduzidos em trens, e salas de fumar em clubs e hotéis. Até mesmo roupas apropriadas para a prática foram criadas, o smoking é um exemplar. No século XIX surge o cigarro propriamente dito. O difusor do tabaco na Europa foi Jean Nicot (Nicot, Nicotina, sacou?), na época a cura de mais de 60 doenças foram atribuídas ao tabaco, as propriedades terapêuticas do tabaco foram aceitas sem restrição pela população em geral e até pelos médicos. Entretanto as denúncias sobre seus efeitos colaterais não demoraram a aparecer.
Entretanto mostrar que ele era um vilão não seria uma tarefa fácil, o fumar foi assumido como uma forma de afirmação na sociedade, status e até mesmo sensualidade. Artistas famosas, carros, ideias de poder ligadas ao fumo eram muito comum nos comercais. Isso porque, acreditava-se, que quanto antes convencer que “fumar é bom”, melhor para as vendas, pois garantirá um adulto que fuma. Pode-se considerar que o ato de fumar está, muitas vezes, mais ligado ao ritual que envolve o ato de fumar do que à própria nicotina.
Felizmente o tempo passou e o acesso a informação propiciou um maior conhecimento sobre os efeitos dessa droga, inclusive para os fumantes passivos, a fumaça do cigarro prejudica diretamente o funcionamento da circulação coração-pulmão. Com o passar do tempo os alvéolos pulmonares vão sendo cimentados pelos componentes da fumaça do cigarro, deixando de fazer sua função. O organismo então passa a ter menor oxigenação dos tecidos, resultando em maior facilidade de cansaço para o fumante. O cigarro também causa inúmeros danos ao coração e pulmão, tal como infarto e câncer.
Além da já famosa Nicotina o cigarro ainda conta entre seus ingredientes com acroleína, fenóis, peróxido de nitrogénio, ácido cianídrico, amoníaco, alcatrão e outros agentes cancerígenos. E o pior não é pensar no quanto 35 milhões de brasileiros são idiotas o suficiente para por tudo isso para dentro de seu organismo e ainda por cima pagar por isso, o pior é saber que quem fica perto de uma pessoa dessas é mais prejudicado que a própria pessoa, até porque a pessoa que fuma tem a "proteção" do filtro. Acho que o único momento em que um fumante é querido POR SER FUMANTE é quando chega a hora de acender a vela de aniversário e ninguém encontra os fósforos.
http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Cigarro
http://www.antidrogas.com.br/mostraartigo.php?c=33&msg=Aspectos%20Hist%F3ricos%20do%20Tabaco
Expressando opiniões próprias sobre assuntos relevantes e provocando a reflexão sobre situações cotidianas em textos que procuram fazer sentido através de uma linguagem simples, mas que pode te levar a um grande aprofundamento.
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Assassino de Bolso
quinta-feira, 21 de maio de 2015
Biografia
Eu sou um filho de pais separados, negro, que fez todo o ensino fundamental em colégio público, que começou a trabalhar com dezesseis anos para deixar de ser um peso e poder ajudar em casa comprando para mim aquilo que minha mãe sofria por não poder comprar. Durante o ensino médio tive dificuldades devido a discrepância no nível de ensino que encontrei no Liceu Nilo Peçanha, eu tive revisões de matérias que nunca tinha visto na vida, o que, como você deve imaginar, não ajuda muito. Nesse contexto de vida, a faculdade era, para mim, equivalente a viagem à Disney para o menino de rua, seria legal, mas não tanto quanto minha próxima refeição. Eu cogitava algumas possibilidades, mas não me prendia muito a elas, o que eu queria mesmo era terminar logo o ensino médio para poder procurar um emprego de carteira assinada.
Depois de repetir o segundo ano eu decidi me matricular em um supletivo particular, hoje eu digo que esse é o maior arrependimento da minha vida, mas talvez eu mude de idéia um dia, ainda tenho uma vida inteira de coisas das quais poderei me arrepender, o fato é que, lá eu não aprendi nada, não fiz amigos e ainda perdi o direito às cotas para alunos de colégios públicos, que teria sido muito bem vinda digasse de passagem. Resumindo, não tive um retorno positivo do meu investimento, não que eu tenha percebido na época. Tudo que eu sabia era que com meu comprovante de conclusão do ensino médio eu poderia procurar um emprego de carteira assinada. Foi o que eu fiz, e encontrei.
Muitos anos depois, mais precisamente hoje, após muitas cabeçadas, cobranças, conselhos e vislumbres de perspectivas que eu não poderia ter sem viver tudo que vivi, passei a cogitar a possibilidade de cursar uma faculdade. Não tenho ainda paixão por um curso, não sonho com o exercício de uma profissão, mas me anima a idéia de ESTAR em uma faculdade, vendo líderes se formando com novos pensamentos e atitudes, percebendo as mudanças na sociedade, observando as pressões exercidas, bebendo da fonte das revoluções. Ainda tenho tantas perguntas quanto quando tinha dezesseis anos, talvez mais, só o que não tenho mais é o medo.
O medo de perder tempo, pos hoje sei que a verdadeira perda é a que se perde sentindo o medo. Eu tinha medo de me empenhar em algo que poderia não dar certo, de me dedicar a um projeto sem um retorno garantido, de mostrar meus sentimentos e vê-los sendo usados contra mim, de ser eu mesmo durante o processo de descobrir quem eu era, medo de decepcionar quem acreditava em mim, medo de agradar quem desacreditava de mim, medo de mostrar que tinha medo, medo de acordar um dia, olhar pro passado e perceber que não fez nada de relevante e que minha passagem pelo mundo seria ignorada pelos livros escolares. Medo.
Esse texto não tem um objetivo pré-definido, talvez ele seja apenas um desabafo ou a minha tentativa de dar algo meu para que alguém se lembre que eu existi algum dia, que tive meu jeito de ser definido por esta história de vida juntamente a outros fatores que não cabe acrescentar aqui no momento, talvez ele seja apenas um grito no meio do deserto tentando ajudar os peregrinos a vencerem suas limitações e abrirem mão de seus medos, mas quem sou eu para gritar ao outros que abandonem seus medos? Ainda tenho todos os medos que descrevi no parágrafo anterior.
Ass: Bruno Santos.
sexta-feira, 15 de maio de 2015
Um Retrato da Educação no Brasil
sábado, 9 de maio de 2015
Um Jovem Negro
Caminhando de volta para casa em um sábado a noite, corri para atravessar a rua tendo em vista que o sinal acabara de abrir e os carros começavam a se mover em minha direção. Para minha surpresa, fui recepcionado do outro lado por uma senhora idosa que, ao me ver, correu para se esconder atrás de um poste e com as costas contra a parede se pôs a me olhar com um terror nos olhos que me faria achar que ela estava vendo algum tipo de demônio montado nos meus ombros... mas eu sabia o que ela estava vendo: um garoto negro correndo em sua direção. Continuei caminhando, fingindo que não tinha percebido aquela reação. Trinta metros a minha frente, uma viatura ostentava suas ofuscantes luzes vermelhas com dois agentes em seu interior.
Lembrei de uma reportagem que havia chamado minha atenção mais cedo enquanto eu lia o jornal: um homem que, durante uma abordagem policial, havia sido alvejado com um tiro na bochecha, aparentemente por estar sem documentos. Me perguntei se a alta taxa de melanina presente na pele do abordado teria alguma relação com o desfexo dessa triste história. Não pude evitar que um "E se" passasse pela minha mente e, devidamente instalado, ele tratou de se multiplicar resultando nas seguintes perguntas: E se aquela senhora tivesse a mesma reação em frente a viatura? E se eu fosse abordado? E se os policiais simplesmente não fossem com a minha cara?
Já ví muitas mulheres apertarem as bolsas contra o peito ao me verem passar, já ví pessoas atravessarem a rua ao verem minha aproximação na direção oposta pela rua escura, já fui seguido por guardas em supermercados e revistado em lojas de departamentos. Não vou perguntar se tenho cara de bandido, pois não acho que caráter seja fisionômico. Se fosse os políticos precisariam apresentar seus históricos de cirurgias plásticas antes de se candidatarem e não precisariam abrir a boca na propaganda eleitoral, apenas se exibirem em ensaios fotográficos. Mas não é assim que funciona, somos mais do que sugere nossa aparência, somos o produto de um conjunto de fatores: sociais, econômicos, culturais, familiares, éticos e etc. Minha graduação acadêmica, profissão e fé não estão estampados na minha pele. Aquela senhora poderia estar com medo de um médico, advogado ou padre, mas ela não teve tempo para refletir sobre isso, ela estava ocupada se protegendo de um jovem negro.
Se um neto perguntasse à essa idosa se ela tem algum tipo de preconceito provavelmente ela responderia que não, assim como grande parte dos brasileiros, mas atos falam mais alto que respostas politicamente corretas. O Brasil tem mantido os afrodescendentes em situação desfavorável perante a sociedade a séculos. Somos a maior parte da população no país, mas temos uma representação mínima nos cargos de destaque das empresas, nos poderes legislativos, nos comerciais televisivos e novelas que não se ambientam em comunidades carentes. Fomos convencidos de que nosso cabelo duro é ruim, que nosso nariz deveria ser mais fino, que nossos olhos deveriam ser mais claros e que ser chamado de preto(a) é ofensivo. O plano dos escravistas para que o Brasil não se transforme em um Haiti continua funcionando.
Confesso que durante alguns minutos me culpei pela reação daquela mulher de cabelos brancos. Disse para mim mesmo que deveria ter atravessado na faixa, deveria ter corrido menos, deveria ter feito a barba pela manhã, mas desisti de por a culpa em mim. Também não pus nela, afinal, tem gente sendo morta por causa de dois reais, o medo se tornou um companheiro inseparável da população. Mas, se a culpa não é dela e nem minha, de quem é? Acho que esse medo (na verdade, preconceito) foi, e continua sendo, uma construção histórica, cultural, fruto dessa nossa sociedade dividida em classes, na qual a classe dominante lucra com a marginalização e discriminação da classe dominada. Fruto de uma sociedade que estigmatiza determinados grupos sociais, enquanto enaltece e privilegia outros. O preconceito é funcional a manutenção da nossa sociedade tal como ela é, e isso vai continuar assim para os meus filhos e netos. É triste, mas é a Minha Humilde Opinião.
Ass: Bruno Santos
Colaboração de Caroline Macedo.
terça-feira, 5 de maio de 2015
Jovem Brasil
O Brasil é um país jovem, e assim como qualquer jovem, ele se espelha em ícones, personagens em evidência que mostram um estilo de vida interessante e sedutor, estilo de vida que a grande maioria dos jovens não podem sustentar. Da mesma forma, o Brasil, se espelhando em países de primeiro mundo e busca soluções para seus problemas, mesmo sabendo que não possui estrutura monetária ou cultural para isso, o exemplo mais recente desta tentativa é a regulamentação da maioridade penal.
Um país onde um pai de família fica preso durante vários anos por ter roubado comida enquanto um deputado que desviou milhões dos cofres públicos goza da liberdade com incontáveis regalias não pode se declarar um dos mais justos. Muito menos acreditar que jogar um jovem de dezesseis anos em uma das já superlotadas penitenciárias, junto com criminosos renomados, resolverá o problema da violência, dos roubos ou mesmo do tráfico por parte destes. O fato principal pelo qual isso não dará certo é que quem comete um crime nunca acha que vai ser preso, se eles achassem não cometeriam. Seja menor ou maior de idade, o que impulsiona o infrator é o sentimento da impunidade. Obviamente não podemos ignorar os fatores socioculturais que levam alguém a cometer um ato ilícito como fome, vícios, problemas psicológicos, etc. Mas convenhamos, se a punição fosse uma certeza, quem se arriscaria?
Essa crença sobre a capacidade de reabilitação da cadeia já deveria ter sido revista a décadas, mas ao que parece, tem muita gente ganhando dinheiro com esse sistema para deixa-lo ser substituído por um que funcione. E ainda existe muito mais para ser ganho com a privatização das penitenciárias, que irá transformar detentos em mão de obra barata, sem carga horária, sem impostos e que dará aos empresários fama de bonzinhos que dão oportunidades de emprego para pessoas mal vistas pela sociedade. E nem vou citar o fato da grande maioria dos presidiários serem afrodescendentes pertencentes às camadas desfavorecidas economicamente. Colocar um jovem que roubou para sustentar seu vício na mesma cela que traficantes, assassinos e estupradores não tornará este jovem um cidadão mais consciente, pelo contrário, o tornará um adulto revoltado, que odeia o sistema, a polícia e qualquer tipo de autoridade.
Se o objetivo final desse processo é educar os jovens para a cidadania, este ensino deve caminhar paralelamente a educação que este jovem recebe em seu dia-a-dia, e deve ser anterior ao surgimento de desvios ético/morais, deve ser tão natural quanto o "ABC" ou o "2+2=4". E isso não pode tirar das famílias a responsabilidade sobre a formação moral dos jovens, mas se faz necessário que o Estado forneça recursos, meios materiais de auxílio nesta difícil tarefa. E não me refiro a assistencialismo, mas aos nossos direitos básicos, a fornecer colégios de horário integral com formação profissional e preparo para vestibulares, transporte, moradia, saúde e saneamento básico. Este é o caminho que devemos tomar, "Menos cadeias, mais escolas", afinal, "Cadeia é um lugar muito caro para tornar as pessoas piores", mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião."
Ass: Bruno Santos.
Fontes: Marcelo Freixo