terça-feira, 27 de junho de 2017

Perigo!

     Ontem a noite, voltando da faculdade, desci do ônibus em meio a uma chuva fina, mas persistente. Como faço parte da parcela da população que repudia o uso do guarda-chuva, vesti meu casaco, coloquei o capuz e avancei rumo ao meu destino.

     No caminho, fui desviando das poças d'água e das pessoas que insistem em andar devagar quando está chovendo, caçando marquises ou qualquer tapagem que me ajudasse a chegar em casa menos molhado. Em uma dessas passagens, vi uma cena curiosa. Uma mulher, bem vestida, ao perceber minha aproximação guardou o celular e segurou a bolsa com força.

     Foi a primeira vez que presenciei essa reação? Não! Será a última? Provavelmente não. Então, por quê escrever sobre esse caso em especial? Bem, eu sou um trabalhador, universitário, cristão. São "credenciais" com as quais as pessoas buscam se colocar em situação de superioridade. Não que eu concorde que algum desses títulos me façam melhor que alguém, mas existe toda uma cultura que julga dessa forma e é nela que vivemos.

     O ponto crucial aqui é o seguinte: minha carga horária de 8 horas cumprida, minha carga de leitura ou minha cristandade não saltaram aos olhos daquela senhora bem vestida debaixo da marquise. O que saltou aos olhos dela foi a imagem de um jovem negro de capuz se aproximando.

     Nenhum outro tipo de qualificação que eu venha a alcançar nessa etapa da minha vida irá sobressair sobre o fato de eu ser negro. E ser negro coloca em você um grande letreiro luminoso que diz "FIQUE ALERTA". Seja andando na rua, dentro de uma loja ou entrando em um ônibus. Sou olhado como um elemento perigoso em potencial.

     É controverso pensar que as pessoas que temem a minha aproximação hoje são descendentes daqueles que compravam e vendiam meus antepassados. Quando será que isso mudou? Quando foi que o negro submisso se tornou o " mal feitor"? Bem, ainda não sei, mas sei que essa imagem foi bem divulgada, poi até mesmo EU me tremo ao perceber a aproximação da minha gente.

     Para finalizar, um recado, as pessoas são mais do que aparentam, o engravatado branco pode ser um deputado corrupto que desvia dinheiro da merenda de criancinhas, o jovem negro encapuzado pode ser um trabalhador, universitário, cristão que só quer chegar em casa, jantar, tomar um banho e dormir para recomeçar a rotina no dia seguinte. Não devemos julgar o livro pela capa! E essa é a Minha Humilde Opinião.

Ass; Bruno Santos

segunda-feira, 26 de junho de 2017

O homem e o pote.


  Em uma cidade do interior, havia um certo homem muito humilde e piedoso, que precisava ir muito longe para pegar água em um poço. Aquele era o único na região e atendia a muitas famílias.

  Um dia, não se sabe o motivo, esse poço secou e as famílias da região começaram a passar por dificuldades. Um anjo do Senhor que passava pela região viu a aflição do povo e resolveu ajudar.

  Em plena madrugada, o anjo apareceu ao homem piedoso enquanto este, preocupado com o futuro de sua família, encarava um pote vazio encima da mesa, e disse:

- O Senhor viu o sofrimento de seu povo e se compadeceu, agora, eu abençoo este pote que você tanto olhava. Ele não se esvaziará até que o poço volte a encher, desde que você o use com sabedoria, bondade e não revele a ninguém sua natureza.

  Depois disso o anjo sumiu, deixando o homem de boca aberta e na sua frente o pote cheio de água limpa. O homem, ainda desnorteado, provou a água e ao ver que era mesmo potável virou para tomar um gole, mas a água do pote não baixou e ele quase se engasgou.

  Ao ver que o anjo havia falado a verdade, ele soube o que precisava fazer: encheu todas as vazilhas e baldes da casa e no meio da madrugada foi até a casa de cada um de seus vizinhos enchendo seus baldes e os bebedouros dos animais, sem que o nível de água no pote diminuísse sequer um dedo.

  O poço ficou seco durante nove meses e durante todo esse tempo o homem saía de madrugada para prover água a sua família e a todas as outras da região. Ele ficava muito cansado, pois depois de toda essa caminhada precisava voltar para sua casa e trabalhar nas plantações, mas ele sabia que se não fizesse desta forma o pote poderia se tornar tão seco quanto o poço.

  Em uma certa madrugada, o homem acordou como de costume para pegar a água do pote, mas este estava vazio. Ele entrou em pânico, começou a pensar de quem poderia ter esquecido, que atitude poderia ter tido para que o anjo tirasse sua bênção, mas não conseguiu encontrar a resposta então, com o pote em mãos, foi até o poço. Lá estava a resposta.

  O poço estava cheio novamente. O homem, eufórico, saiu pela estrada gritando de alegria: "A água do poço voltou, a água voltou! Venham todos ver, a água do poço voltou!", mas ninguém apareceu para compartilhar de sua alegria.

  Voltando para casa, o homem pensou em pegar potes e levar até o poço, mas como ainda haviam muitos cheios ele foi dormir. Quando acordou, sentiu cheiro de feijão e decidiu que naquele dia não levaria sua marmita para o campo, mas ficaria em casa e almoçaria com a sua família.

  Entretanto, ao chegar na cozinha, viu uma cena que o deixou horrorizado: o pote milagroso, presente do anjo, estava sendo usado para abrigar a salada. Ele entrou na cozinha e disse: - Esse pote não é para isso! Esse não!

  Então, pegou o pote, passou os legumes para outro lugar e declarou que aquele pote não deveria ser usado para nada naquela casa,  pois ele era especial. Um presente. A sua mulher, estranhando, respondeu: - Meu bem, esse pote quem comprou fui eu, ele não foi presente e mesmo que fosse, é só um pote. É pra isso que ele serve. Isso não é pecado.
  
  Porém, o homem foi irredutível, bateu o pé e a partir daquele dia o pote se tornou um objeto decorativo em sua casa. 
  
  Diante dessa história, o que você achou do comportamento do homem? Apenas ele conhecia o verdadeiro valor daquela vazilha, apenas ele sabia os sacrifícios que fez para mantê-la em segredo. Se fosse você, permitiria que ela fosse usada para por salada ou qualquer outra coisa? Ou você a guardaria como uma relíquia sagrada?

  Bem, usar uma vazilha para por salada não é pecado, tanto quanto uma relação sexual entre marido e mulher não é pecado, mas se você fosse José, se você tivesse visto o Anjo Gabriel dizer que sua esposa seria a mãe do Salvador, será que você não teria com Maria o mesmo cuidado que o homem teve com aquele pote? Mantê-la intocada e segura tendo em vista toda a graça que o mundo recebeu através dela? Não seria pecado que marido e mulher coabitassem, não seria pecado que Maria tivesse quinze filhos depois de Jesus. Não seria, mas será que diante de tudo que eles viram Deus realizar, diante de todas as profecias que ouviram, eles poderiam deixar as vontades da carne prevalecerem diante do Espírito? Ou eles viveriam já na Terra o Céu, onde não haverão marido e mulher, mas seremos todos irmãos? 

  Bem, esse texto enorme foi apenas para te fazer pensar sobre isso. Espero que você não tenha se decepcionado, obrigado por vir até aqui e partilhar da Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos