sábado, 1 de agosto de 2015

A irmã.

     Sentado em frente a TV, "zapeando" pelos canais, após ter sido afugentado por um jogo de futebol, me deparo com uma matéria sobre um vídeo viral no qual um menininho de dez anos se debulha em lágrimas ao receber a notícia da gravidez de sua mãe. Aparentemente esse acréscimo à família era aguardado fervorosamente por ele. Detive minha atenção enquanto a história se desenrolava, mas desliguei o aparelho e resolvi ir dormir quando ao ser questionado sobre o motivo de preferir uma irmã o jovem afirmou que sua mãe precisava que alguém ajudasse nas tarefas do lar enquanto ele joga bola.
     Dez anos e já é machista! Por culpa dele? Acho que não. Por culpa dos pais? Em parte, mas cada um só pode dar aquilo que recebeu. O Brasil é um país machista, onde mesmo sendo a maior parte da população as mulheres ocupam uma parcela mínima dos cargos na câmara e no senado, elas são quase nulas nos cargos de liderança nas empresas, mesmo sendo comprovadamente mais bem formadas academicamente, e ainda hoje elas recebem salários mais baixos. Historicamente falando essa discriminação começou na Grécia antiga, lá a mulher era considerada uma criatura parecida com o homem, porém inferior, elas eram tidas como imperfeitas pois acreditavam que seus órgãos sexuais estavam no lugar errado, escondidos dentro do abdome.
     Antes disso, as mulheres não eram representadas como inferiores, pelo contrário, em algumas culturas eram divinizadas por sua esplêndida capacidade de conceber. Suas funções de preparação de alimentos ou cuidados com as crianças não pareciam menos importantes, tinham a mesma dignidade do caçador ou lenhador, mas em algum momento as coisas mudaram. Os homens assumiram o poder e puseram as mulheres em um plano inferior. Aos poucos elas foram subjugadas, lhes foram impostas convenções sociais, padrões de comportamentos, de vestuário e, os mais cruéis, os padrões de beleza. Esses malditos padrões que mudam constantemente e se tornam a cada mudança mais inalcançáveis. Não que isso seja tão surpreendente, afinal, esse é o objetivo deles: reduzir o número de adeptos a fim de dar aos seguidores dessas tendências o status de elite.       
     Houve um tempo em que fazer três refeições diárias era sinônimo de riqueza. Adivinha qual era o padrão de beleza na época? Sim, sobrepeso. As rechonchudas mandavam. E na época em que para ter os cabelos cacheados era necessário passar horas esquentando um ferro no fogo e pericia suficiente para não queimar as madeixas, a chapinha era pros fracos, quanto mais bem definidos os cachos mais status. Hoje o que vivemos é a ditadura da magreza, a luta constante contra o peso, milhares de dietas "milagrosas", horas na academia e finalmente a bulimia. Tudo para alcançar um corpo fora do próprio biotipo e consequentemente adoecer, ou uma "receita" para viver insatisfeita consigo mesma.
  Saltos altos, depilações com cera quente, roupas que precisam de atenção constante e eventuais puxadas para não revelarem mais do que o desejado ... com certeza não é nada fácil ser mulher. Talvez isso seja culpa do medo do homem que ao identificar um ser capaz de gerar vida, aguentar altos níveis de dor e sangrar por dias sem morrer, julgou que deveria ser muito perigoso. Ou temendo que a mulher percebesse o quanto era indispensável e tentasse o subjugar, encontrou uma forma dela ficar ocupada enquanto ele filosofava sobre isso, tradição seguida até hoje inclusive por garotinhos como o do começo desse texto. Mulheres tem um papel muito importante na sociedade, mas podem ter outros também, elas merecem, por toda a força e garra que demonstram, e isso não é feminismo, isso é a percepção de que o homem e a mulher são iguais em dignidade e inteligência. E mesmo que tenham habilidades diferentes têm direito as mesmas oportunidades, mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião."

Ass: Bruno Santos

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