segunda-feira, 20 de abril de 2015

O Chefe

     Todos os dias nos deparamos com figuras que exercem um determinado papel na forma como a nossa sociedade se organiza. Algumas são amadas, frutos de esteriótipos criados pela mídia que decide quem é o mocinho e quem é o bandido, algumas são desprezadas (apesar de sua importância) e algumas são odiadas. Um bom representante deste último grupo é o chefe.
     Essa figura está presente em praticamente todas as instituições que tomam para sí uma estrutura hierárquica tradicional. Surgido durante a Primeira Revolução Industrial, esse personagem era responsável por manter acelerado o ritmo de trabalho dos artesãos, que agora não mais trabalhavam no conforto de suas casas administrando seu próprio tempo, mas em grandes prédios e galpões onde deveriam produzir garantindo os lucros do patrão.
     De uma forma mais romântica,  hoje ele recebe a responsabilidade de estar a frente de uma equipe, supervisionando seus processos e gerindo os mesmos, o que pode ser considerado a mesma coisa de antes. É uma figura bem familiar, já que em algum momento da vida todos são submetidos a liderança de alguém, que também é liderado por um outro alguém e assim sucessivamente. Entretanto, a figura do chefe não deve ser confundida com a figura do líder, apesar de muitas vezes realizarem a mesma função prática em uma cadeia organizacional. Ideologias divergentes podem por entre esses dois um verdadeiro abismo.
     Hoje em dia nas empresas privadas existem profissionais altamente qualificados para atuar nas áreas administrativas, organizacionais, jurídicas e de suporte, mas que são praticamente incapazes de se relacionarem com seus subordinados por não conseguirem debater idéias ou discutir pontos de vista diferentes dos seus. Um líder não precisa ser amado por todos, mas precisa ser respeitado por todos, independente de sua área específica de atuação, se ele for do escritório ou do chão de fábrica, deve ter seu valor reconhecido no andamento do bom funcionamento daquela equipe. Deve ser um exemplo, mas sem precisar lembrar a todos a sua teajetória de vida em cada conversa, afinal, muitos grandes líderes da atualidade começaram sua trajetória profissional como office boy, camelô, faxineiro, mas ninguém precisa ouvir isso a cada entrevista que eles prestam. Um colaborador não quer saber se seu encarregado vendeu tampa de privada ou se ele teve que pagar para trabalhar, o que ele quer é orientação para suas tarefas e recursos  para executá-las.
     O venerável São Beda, Santo da Igreja Católica conhecido principalmente por seu relevante trabalho como historiador, possui uma frase na qual dá a receita para o fracasso: "Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina, e não perguntar o que se ignora". Essa mesma frase, por outro lado, mostra a receita para o sucesso e como identificar um bom líder:

Ensinar o que se sabe.

     Um bom profissional não tem medo de perder seu emprego para um funcionário novo na empresa, pois sabe seu valor e o prova constantemente, sendo assim, não se sente ameaçado diante dos novos membros da equipe, pelo contrário, vê neles uma oportunidade de que seu bom trabalho tenha uma continuidade após uma possível promoção ou simplesmente entende que mais um funcionário capacitado ao seu lado não é um obstáculo e sim um reforço. Entretanto, é importante ressaltar que a autonomia deve ter limites ou o funcionário começa a executar tarefas que não são de sua responsabilidade e sim do chefe, o que pode causar impasses, afinal, para que serve um chefe se ele não tem uma função específica? O que pensa o funcionário sobre um encarregado que nada faz além de lhe delegar tarefas?

Praticar o que ensina.

     As palavras convencem, mas o exemplo arrasta. Um líder que não pratica aquilo que exige de seus liderados está fadado a perder o respeito da equipe. Pedir pontualidade chegando atrasado todos os dias, pedir economia dos recursos do setor e depois usar os mesmos para os trabalhos da faculdade e proibir o uso do celular durante o expediente quando se é um usuário constante são atitudes tão desconexas quanto cobrar resultados de dentro de uma sala climatizada enquanto os funcionários padecem em trabalhos braçais sob altas temperaturas ou dar conselhos financeiros a torto e a direito estando chafurdado em dívidas. Seja aquilo que você espera dos outros.

Perguntar o que se ignora.

     O orgulho é o grande inimigo de um líder, ele o impede de crescer. A humildade de reconhecer sua ignorância é o primeiro passo para o conhecimento e o melhor professor é o que constantemente se faz aluno. A vivência prática pode dar um banho de sabedoria em universitários e pós-graduados, portanto escute, não imponha sua opinião como verdade absoluta, aprenda algo novo todos os dias e assim, nenhum dia será em vão.

     O bom relacionamento entre líderes e liderados é o caminho mais curto para o sucesso de ambos, o diálogo, entre a parte executante e a parte planejante, é tão essencial quanto a comunicação entre o cérebro e os músculos, entretanto com a diferença desses últimos não terem a possibilidade de se separarem já que integram um único ser, enquanto chefe e subordinado representam seres distintos, cada um com sua história de vida, preferências e características pessoais que podem levá-los a não se relacionarem fora do âmbito empresarial, o que não precisa ser tido como algo negativo ou prejudicial. O respeito mútuo é a chave para o sucesso de qualquer relação humana e será suficiente enquanto tiver seus parâmetros básicos respeitados, mas como sempre, essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Beda

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