domingo, 4 de dezembro de 2016

Sentença de Morte.


     Nesta semana, quem achava que 2016 já estava sendo um ano sombrio, foi surpreendido mais uma vez! Tivemos um acidente aéreo terrível que levou várias pessoas queridas. Tivemos repressões, perseguições e até assassinato de manifestantes que foram até Brasília protestar contra a aprovação da "PECalipse"(PEC241 ou 55/2016), MESMO QUE A MÍDIA NÃO MOSTRE ISSO, FAZENDO PARECER QUE TUDO QUE HOUVE FOI UM PUNHADO DE BADERNEIROS DESTRUINDO PATRIMÔNIO PÚBLICO. Tivemos a aprovação da PL4850/2016, um pacote de medidas que limita o poder do Ministério Público e dos Juízes, ou seja, ajuda quem está devendo ao povo a não ser punido. E para manter o cheiro de sangue no ar, o STF abriu um precedente que descriminaliza o aborto até o terceiro mês de gestação. Neste texto, manterei o foco sobre este último fato, mesmo achando que ele esteja sendo usado para desviar a atenção daquilo que REALMENTE aconteceu em Brasília.

     Todos os anos, milhares de brasileiras morrem em clínicas clandestinas de aborto, mais um dado que a mídia não divulga, seja por desinteresse ou por motivos políticos, o fato é que isso acontece e é uma questão de saúde pública. Acredito que já tenha ficado bem claro que eu sou contra o aborto, e sim, eu tenho um embasamento religioso para isso, mas aqui eu não vou falar sobre pecado, eu vou falar sobre direitos.
Direitos da criança, direito à vida. Sobre os direitos que "nós" temos sobre vidas que não são nossas. Sobre dor e arrependimento.

     Ser religioso, certamente, já me desqualificaria para falar sobre esse assunto - segundo algumas pessoas - e ser homem é um atenuante, mas já tendo sido eu um feto de três meses de gestação, como tantos estão compartilhando nas redes sociais, me sinto respaldado para tal. Não quero falar sobre métodos contraceptivos - já que todos são passíveis de erro - com excessão da castidade, não quero julgar ou afrontar quem discorda de mim, tudo o que eu quero é que o feto seja compreendido como uma vida e que essa vida seja preservada. Assim como  são os ovos de tartarugas, enterrados em praias que se tornam protegidas por leis.

     Lendo os argumentos de algumas pessoas, encontrei quem dissesse que várias dessas crianças nasceriam apenas para aumentar as estatísticas da pobreza no país e que já que não teriam as condições mínimas para sobreviver, o aborto seria muito mais coerente. Fico triste por entender nesse pensamento a ideia de que a vida não vale a pena sem "posses". Que se você não tem como se sustentar, sua vida é um desperdício. Isso me deixa triste porque, através desse pensamento, aquele homem que perdeu o emprego e pulou de um prédio, após matar os dois filhos, fica justificado. Isso faz parecer que ele estava certo e me dá arrepios.

     Sabe o que mais me dá arrepios? Saber que existe uma indústria ansiosa pela aprovação dessa lei e não é a de clínicas de abortos legais. Essa indústria deseja arrecadar fetos e vendê-los no mercado negro, ou você ainda não entendeu que eles estão cheios de células-tronco? Sim, vão vender fetos da mesma forma como vendem órgãos, chegando ao ponto de deixarem de tratar um paciente para acelerar os lucros.

     A frase mais emblemática do movimento pró-aborto é " Meu corpo. Minhas regras". Acho essa frase válida em outros contextos, mas certamente não neste. Um feto já não é mais o corpo da mulher, ele é um outro corpo, em formação dentro do corpo dela. Aceitar que ele seja retirado cirurgicamente - antes de se desenvolver - equipara essa criança a um tumor ou cisto.

     Há alguns anos, visitei a *Fundação Pestalozzi* e conheci algumas mães de crianças com dificuldades psicomotoras, paralisias e tantas outras deficiências. Mães que em sua maioria sabiam que essas crianças nasceriam assim desde o pré-natal. Mães que foram abandonadas por seus companheiros que não queriam assumir a responsabilidade. Porém, mães que nunca, nem por um instante, se arrependeram de sua decisão.

     Mães que se apaixonaram por suas crianças, no primeiro momento em que as viram, mesmo que tenha sido através do vidro de uma incubadora. Mães que agora vibram a cada novo avanço que percebem. Mães que não fariam nada diferente, mesmo que agora vivam uma dedicação total aos seus filhos, muitas vezes não tendo tempo nem sequer para pentear os próprios cabelos.

     Quero falar também sobre as mães de anjos, mulheres que se prepararam para receber uma vida, que por algum motivo não chegou. Assim como aquelas que propositalmente interromperam uma gestação e hoje convivem com o eterno fantasma do "Como teria sido...". Como seria o rostinho dele, como seria sentir seu cheiro ou ouvir o som de seu choro? Essas mulheres são mães e elas sabem disso.

     Muitas mulheres pobres morrem nas clínicas clandestinas de aborto e sim, isso é horrível, mas o resultado de um aborto SEMPRE é uma morte e isso também. O que foi aprovado pelo colegiado do STF foi uma jurisprudência, não significa que o aborto esteja legalizado, quer dizer apenas que será mais difícil prender alguém por isso. Ainda assim, esse é um passo, e nós precisamos discutir esse assunto, esclarecer quais são as alternativas e tentar mostrar que a criança não pode ser sentenciada a morte sem ter cometido nenhum crime. Mas, essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

Fontes:

VICENTE, Izabella. ABORTO. Disponível em https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1201240853287820&id=100002057514384, acessado em 01/12/2016.

CYMBALUK, Fernando. Decisão do STF Legaliza o Aborto Até o Terceiro Mês de Gravidez? Disponível em http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2016/11/30/decisao-do-stf-legaliza-o-aborto-ate-o-terceiro-mes-da-gravidez-entenda.htm. Acessado em 01/12/2016

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