sexta-feira, 17 de julho de 2015

Extra!!!


     "Mulher é alvejada por uma bala perdida enquanto ia comprar pão e morre". O repórter coloca um microfone em frente a boca do jovem viúvo e pergunta: Como você está se sentindo? "Criança que estava brincando em frente ao portão de casa desaparece por cinco dias e é encontrada morta em um valão do outro lado da cidade". Dão um close na lágrima que desliza na face da mãe e questionam: Qual é o seu sentimento nesse momento? "Homem tem seu comércio assaltado pela quinta vez em menos de um mês". O entrevistador lança uma interrogação para a sombra de voz distorcida que não quer se identificar: O que você espera da justiça nesse momento?
     A MINHA pergunta para esses profissionais é: vocês realmente estudaram quatro anos para isso? Fazer perguntas óbvias para pessoas fragilizadas? Isso chega a ser uma agressão. Uma falta de respeito com os sentimentos alheios. Se bem que hoje em dia parece não ser necessário ter qualquer estudo para se autodenominar jornalista em nossas emissoras. Impedir que mudem de canal com promessas de cenas fortes, piadinhas infames e sensacionalismo barato tem sido o suficiente. E os jornais impressos não estão muito melhores que isso.
     Manchetes com gírias esdrúxulas, erros de português, páginas que pingam sangue e mulheres seminuas não faltam. Vendo suas vendas diminuindo a cada dia com a ascenção da internet e a velocidade das notícias aumentando na mesma proporção, medidas desesperadas têm sido tomadas pela indústria publicitária. O risco de extinção do jornal impresso vem se tornando algo mais próximo da realidade, com isso, o direito da liberdade de expressão, do qual foram privados os jornalistas durante a Ditadura, tem sido extrapolado. O resultado: ofensas gratuitas, más interpretações, invasões de privacidade e manipulação de informações.
     O jornalismo saiu dos trilhos, se tornou fonte de desinformação e futilidade, serve aos propósitos de grupos específicos e esconde aquilo que não lhe parece conveniente. E o povo, como em um teatro de marionetes, vai para onde é mandado. Um exemplo disso foram as manifestações de 2013, que organizadas 100% pela internet, a princípio não foram registradas pelos canais de TV, que ao constatarem sua magnitude trataram de denegrir a imagem dos manifestantes, usando para isso meia dúzia de vândalos que conseguiram mais destaque do que as centenas de pessoas que pediam paz, justiça, igualdade social, um Brasil melhor e etc. Como resultado, em uma breve pesquisa, foi divulgado que os populares eram contra os protestos, mas eles continuaram, e cresceram  através das redes sociais, longe das influências midiáticas, logo a imprensa se viu contra a parede e o movimento teve que ser mostrado em sua totalidade.
     O povo é maioria, nós conhecemos nosso bairro, conhecemos nossos vizinhos, hoje em dia todos temos smartphones e acesso à internet, podemos consultar várias fontes de informação antes de simplesmente aceitar algo como verdade absoluta, então, por que não fazemos isso? Não criticamos ou tentamos enchergar além daquilo que os engravatados nos empurram. Está na hora de usarmos o método cartesiano (metodologia criada pelo filósofo René Descartes que consistia em duvidar de todo conhecimento pré-estabelecido para então encontrar o verdadeiro conhecimento) e pensarmos no conteúdo que nos é oferecido desse prisma crítico: “nunca aceitar coisa alguma por verdadeira, sem que a conhecesse evidentemente como tal: quer dizer, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção; e não aceitar nada, senão o que se apresentasse tão clara e distintamente, que não houvesse nenhuma ocasião de o colocar em dúvida".
     Usando essa filosofia evitariamos que trabalhadores tivessem suas fotos publicadas nos jornais como se fossem chefes do tráfico, impediriamos que uma mãe que não sabia que o filho era alérgico a lactose fosse linchada acusada de pôr maconha na mamadeira da criança e não teríamos jovens atletas, pobres e negros, presos acusados de estarem participando de arrastões. E caso tenha passado pela sua mente que isso não é culpa só da mídia, mas da sociedade preconceituosa, não esqueça que a falta de informação é o primeiro passo para um pré-conceito errado, mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.

Ass: Bruno Santos

terça-feira, 14 de julho de 2015

A Invasão


     Elas estão por todos os lados, são rápidas, leves, não respeitam as leis de trânsito e se multiplicam a cada dia. Descrição de uma invasão? Sim, mas as coisas não são tão ruins quanto parecem. Na minha época elas eram o pedido unânime em todas as listas de natal, aniversário e dia das crianças. Um "brinquedo" unissex para variar, em um tempo em que meninos jogavam bola, meninas brincavam de casinha. As vezes os grupos se uniam em prol de um pique de qualidade, fosse o pega, esconde ou parede, mas não tinha nada melhor que sair pelo portão depois da sessão da tarde (quando o sol estava mais baixo) para poder ir até o final da rua e voltar até a frente do portão encima de uma bicicleta, aquilo era ser feliz.
     Só que agora a coisa ficou séria, não estamos mais falando de um brinquedo, mas de um meio de transporte, talvez o mais usado no mundo, no Brasil já são sessenta milhões em uso, a maioria é usada para ida e volta do trabalho por pessoas, ou que moram perto de seus trabalhos, ou que cansaram de perder horas no trânsito gastando combustível e vendo suas vidas passarem pelos espelhos retrovisores. Obviamente não damos aos nossos ciclistas o mesmo incentivo ou a mesma estrutura que existe em outros países, como por exemplo a França onde funcionários recebem 25 centavos de euro por quilometro percorrido de bicicleta no percurso trabalho-casa (e só para registrar, em Paris existem ciclovias desde 1862), ou na Alemanha onde o governo pretende trocar carros e caminhões por bicicletas de carga a fim de diminuir os congestionamentos e níveis de poluição, ou ainda como no Reino Unido onde foi criado um programa chamado Cycle to Work que da descontos nos impostos de quem usa a bicicleta para ir trabalhar.
     No Brasil, as bicicletas tem em seu valor de mercado 40,5% só de impostos, para compararmos, sobre o preço final de um carro a mesma taxa é de 32%, parece que querem compensar o preço do combustível que NÃO será consumido. Dessa forma a magrela levará mais pessoas à falência, sim, pois o homem que registrou sua patente em 12 de Janeiro de 1818, o Barão Drais, foi ridicularizado na sociedade Parisiense e se tornou um falido. Talvez tenha sido um castigo por se apropriar do que não lhe pertencia, já que Leonardo Da Vinci já tinha esquematizado em desenhos protótipos bem rústicos desse velocípede (do latim, velocidade movida a pé).
     A questão é que mesmo já fazendo parte do cotidiano, a bicicleta ainda está buscando autoafirmação em meio a uma cidade que parece ter sido feita mais para carros que para pessoas. Só entende isso quem já sentiu o vento que um ônibus faz quando passa a meio metro do guidom, quem foi xingado depois de quase ser atropelado por alguém que está protegido por centenas de quilos de metal e um cinto de segurança sendo apenas um corpo em um quadro de alumínio ou quem teve que sair da ciclofaixa para desviar de alguém que confundiu aquela linha vermelha no chão com um estacionamento. Eu entendo, pois já passei por tudo isso essa semana, e ainda é terça.
     Mas, tem outras coisas que eu também já fiz, como andar na contramão, sobre a calçada, atravessar cruzamentos, faixas de pedestres e outras coisas que não me lembro agora, mas, sobre as quais eu não poderei ser responsabilizado, até porque as bicicletas não tem placa, então, onde vão me achar? Só que isso tem seu lado ruim, por exemplo, quando ela é roubada é a sua bicicleta vira só mais uma em meio a milhares dentro de um depósito. Eu ando de bicicleta, não por me preocupar com o meio ambiente ou querer ficar em forma, não que eu não tenha essas preocupações, só não foram os motivos determinantes, o estopim que me fez entrar com tudo nesse mundo de selins e guidões foi o exorbitante preço da passagem de ônibus, eu tenho esse direito, e gostaria que mais pessoas enxergassem essa possibilidade para suas vidas, não ficar mais esperando ônibus para viajar de pé, no calor, sendo espremido por pessoas com conceitos duvidosos de higiene e ainda pagando caro por isso. Bicicleta é liberdade, é autonomia e de quebra ajuda mesmo quem não usa. Um carro a menos no congestionamento, uma pessoa de pé a menos para aquecer o ônibus e um ar mais respirável.
     Do meu ponto de vista o ciclismo é um bom caminho a ser seguido, e deveria receber mais apoio, mais ciclovias que não desapareçam no meio do caminho te deixando desamparado em meio ao fluxo intenso, mais bicicletários que fiquem perto de uma sombra, são poucos, e principalmente mais conscientização para que NÓS, que pedalamos, aprendamos que precisamos nos manter no lado direito das vias, no sentido do fluxo, usando equipamentos de segurança e sinalizando nossos movimentos. Assim todos sairão ganhando, quem pedala e quem não, mas essa é apenas a Minha Humilde Opinião.
   
Ass: Bruno Santos